Iniciamos
o percurso com um vento forte e frio, um pouco desagradável.
Levamos
com terra e poeira como se estivéssemos a fazer um Paris/Dakar, em modo pedestre.
Não foi dos passeios mais bonitos, mas como sempre a boa companhia, o convívio e
a partilha de risos e gargalhadas foi fundamental.
O trajeto
não era fácil, caminho de terra batida, com alguma folhagem, escorregadio, o
que equivale a afirmar que todo o cuidado era pouco.
Era necessário
muita atenção e saber exatamente onde e como colocar bem os pés. Na mínima
distração a queda poderia acontecer.
E de repente
num grupo que seguia um pouco mais à frente uma amiga nossa, escorregou, caiu e
magoou-se no pé esquerdo. Facto que a deixou imediatamente imobilizada e cheia
de dores.
Todos
os amigos que se encontravam, por perto, voluntariaram-se para fazer tudo o que
estivesse ao alcance. Uma amiga recém-empossada com o curso de Suporte Básico
de Vida tratou logo de colocar uma ligadura e imobilizar o pé.
Entretanto foram contactando a colega da saúde
que se encontrava noutro grupo mais à frente e que foi dando as indicações necessárias.
As dores começaram a sentir-se e foi com um paracetamol 1000 que a situação
acalmou. Como ela não podia estar sentada, foram improvisando um espaço no chão
para a estender, uns casacos, uns lenços e uns impermeáveis foram acamando uma área
onde a podemos deitar. A mochila ficou juntos aos pés para proporcionar a elevação
desejada.
Encetaram-se
contactos rápidos para que os colegas que já estivessem disponíveis com Jeep a
virem resgatar.
Enquanto
aguardávamos e porque ela estava debilitada, despachamos os restos da comida
das mochilas, foram bolachas, duas laranjas e chocolate.
Entretanto
a amiga da saúde que não se encontrava no local, mas com quem estávamos sempre
em contacto telefónico, deu indicações para voltarmos a calçar a bota à colega.
A
primeira que tentou não foi capaz, olhando para a vitima que delineava um ar sofredor,
e esboçou logo ali um ai profundo, a tentativa foi abortada.
A amiga
que se segui pegou na bota, focou-se naquilo que tinha a fazer e muito
determinada fez dois ou três gestos rápidos e disse “pronto já está” é uma
questão de “atitude”.
Bom, o resto
do dia passamos a galhofar com a “atitude”, de facto tudo na vida é uma questão
de atitude, e se pensarmos bem, é mesmo.
Das 6
pessoas que estavam no momento em que a nossa amiga caiu, cada um á sua
maneira, com aquilo que sabe ou com aquilo que está mais à vontade prontificou-se
a ajudar. Impressionante que até para lhe fazer sombra à cara improvisaram
ramos de giesta e outra folhagem ali á mão.
Eu quando
soube que vinha um Jeep a caminho, e confesso que, muito á minha maneira,
prontifiquei-me logo para a acompanhar, sempre era menos um bocadinho que
andava a pé, pois o passeio ainda não tinha terminado.
Foi um
gozo pegado, fartaram-se de rir da minha “atitude”. Mas os dois únicos meninos
lá presentes também não estiveram melhor, um estava muito nervoso, mas como era
o marido, ainda se desculpa, o outro zanzava de um lado para o outro, mexendo
no telemóvel, e prestando assistência o quanto baste sempre a uma distancia
elegante.
Não é
por nada, digam o que disserem, mas os meus préstimos não foram os piores, pois
a minha sensibilidade foi para vos transmitir este registo que ficará na
historia do VL.
Sempre
servi para alguma coisa positiva, do que meramente colocar-me a jeito para apanhar
uma boleia.
Um bem-haja
a todos os que estiveram à volta da Beth, confortando-a, prestando o melhor
auxilio que sabiam e puderam.
Gostei
e apreciei o voluntarismo de todos, e em especial à Luísa Gouveia, que acompanhou
a Beth até ao Hospital.
O
diagnostico foi uma fractura do mateolo externo perónio o que a deixará com uma
tala no pé e imobilizado por uns tempos.
À Beth
desejo as rápidas melhoras para regresso ao grupo.
A falta
de um elemento não é substituído por outro, sente-se sempre quem já não lá pode
estar, ou quem não vai poder estar por algum tempo ….
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