terça-feira, 23 de setembro de 2014

Chegou,

Chegou,
Chegou e esperou por mim. Há muito que estava prometido um fim de semana relampado mas intenso.
Combinado o dia e acabamos por ficar só as duas.
Jantamos em casa, pusemos a conversa em dia, recolhemos quando passava pouco da meia-noite e no dia seguinte estávamos a pé pelas 7 da manha, arrumando mochilas e juntando um farnel.
Fizemos uma caminhada, um caminho real, o nº 24, o caminho foi interrompido pela chuva torrencial. Ainda demos prova pela segunda vez à poncha e a mais uns momentos de confraternização com o grupo das VL.
À chegada ao Funchal apenas tivemos tempo para um banho quente, descemos à cidade, rumamos ao Jardim Municipal, quando dei por mim estávamos a ouvir uma música de folclore regional. Ainda insisti para que ela dançasse mas o rapaz, desviou o olhar.
Calcorreamos as ruas da baixa, observamos os edifícios de traça antiga, as cantarias, as janelas de guilhotina, os parapeitos e as varandas coloniais.
Ela ia sempre disparando aqui e acolá, cruzando o olhar sobre os pormenores.
Deambulamos pela avenida em obras, o Palácio de São Lourenço, o Banco de Portugal, o café do Teatro e o Ritz.
Quando caiu a noite entramos numa rota turística, a espetada, o bolo do caco e o milho foi saboreado sequiosamente.
De regresso à cidade e à zona velha, passamos pela Rua de Santa Maria, pelo hostel, onde penetramos desavergonhadamente e percorremos todos os espaços, terraço restaurante e bar.
Na Venda Velha, ela gostou do chão, apinhado de cascas de amendoim, das caixas em lata da fábrica de bolachas, fascinou-se por um candeeiro de tecto feito em porcelana e pintado à mão, gostou também de caixa antiga de televisão, que exibia um programa atual em versão colorida.
Não nos alongamos muito pela noite, não tínhamos hora de acordar para o dia seguinte, mas não queria deitar-me tarde.
Ainda de dormir ainda passamos pelo terraço, estivemos a olhar o céu, ouvir o silêncio e arrebatamos mais dois dedos de conversa.
Camara de Lobos foi a primeira paragem, a enseada, o cais, o ilhéu, a igreja e a Niquita.
Ela gostou, ela continuava a disparar.
No miradouro, a vista deslumbrou-a, observamos ao longe a saída da cidade, as freguesias limítrofes, a entrada da cidade não era visível, mas nem por isso sentimos a sua ausência.
Levei-a à Quinta da Rochinha, só para ver a vista, viemos ter diretamente ao Jardim do Mar, na mesa caíram as lapas, o bolo do caco os caramujos e um picadinho.
Sempre de seguida fomos ter ao Paul do Mar, quase de mojito na mão, saímos e viemos até a Praia dos Anjos.
Ela ainda tentou tomar um banho, não sei se por vergonha do desequilíbrio que sentia nos calhaus que rolavam e a que não estava seguramente habituada, retrocedeu e molhou ligeiramente as pernas.
Deliciou-se com a decoração, a banheira de banho, as mesas em troncos de madeira, os gatos, e eu, que não gosto de gatos dei por mim a fazer-lhes festas.
Bebi o meu gin, ela não quis, achei prudente ia conduzir uma viatura que não lhe pertencia. Lamentei não termos tido tempo de assistir ao por do sol, mas ainda observamos o mar cor de prata a perder-se no horizonte.
Ele chegou pontual e já lá estava, à nossa espera. Chegaste com meia hora de atraso, replicou e cheiras a álcool….
Em casa fizemos a ultima refeição do dia, tentei uma bola de carnes, não disse nada, mas não ficou muito famosa.
No último dia reservei uma praia, o dia estava solarengo, fomos a banhos, a água estava límpida e tépida.
A Ângela fez-nos um bacalhau com broa, bem apurado, como já sabe fazer muito bem.
Tinha combinado com a minha irmã para vir busca-la e no final do dia fomos a deixar de volta a Lisboa.
Tentei proporcionar-lhe um fim de semana inesquecível, fiquei com a ideia de que ela gostou pelo menos pelas fotos que tive o prazer antecipado de olhar de esgueira.
Não me deixou dúvidas, penso ter gostado mesmo.
Foi tudo muito rápido, falamos de tudo e de nada.
Falamos das viagens, das cores, dos cheiros dos sabores, de Paris, do trabalho dela, do novo namorado que ela tem.
Falamos muito da família, da avó, dos amigos e dos afectos.
Vivemos e falamos da vida, essa vida que um dia há de levar-nos a encontrarmo-nos num outro lugar, diferente de hoje, aqui e agora.

23.09.14

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