Chegou,
Chegou e esperou por mim. Há
muito que estava prometido um fim de semana relampado mas intenso.
Combinado o dia e acabamos por
ficar só as duas.
Jantamos em casa, pusemos a
conversa em dia, recolhemos quando passava pouco da meia-noite e no dia
seguinte estávamos a pé pelas 7 da manha, arrumando mochilas e juntando um
farnel.
Fizemos uma caminhada, um caminho
real, o nº 24, o caminho foi interrompido pela chuva torrencial. Ainda demos
prova pela segunda vez à poncha e a mais uns momentos de confraternização com o
grupo das VL.
À chegada ao Funchal apenas
tivemos tempo para um banho quente, descemos à cidade, rumamos ao Jardim
Municipal, quando dei por mim estávamos a ouvir uma música de folclore
regional. Ainda insisti para que ela dançasse mas o rapaz, desviou o olhar.
Calcorreamos as ruas da baixa,
observamos os edifícios de traça antiga, as cantarias, as janelas de
guilhotina, os parapeitos e as varandas coloniais.
Ela ia sempre disparando aqui e
acolá, cruzando o olhar sobre os pormenores.
Deambulamos pela avenida em
obras, o Palácio de São Lourenço, o Banco de Portugal, o café do Teatro e o
Ritz.
Quando caiu a noite entramos numa
rota turística, a espetada, o bolo do caco e o milho foi saboreado
sequiosamente.
De regresso à cidade e à zona
velha, passamos pela Rua de Santa Maria, pelo hostel, onde penetramos
desavergonhadamente e percorremos todos os espaços, terraço restaurante e bar.
Na Venda Velha, ela gostou do
chão, apinhado de cascas de amendoim, das caixas em lata da fábrica de
bolachas, fascinou-se por um candeeiro de tecto feito em porcelana e pintado à
mão, gostou também de caixa antiga de televisão, que exibia um programa atual
em versão colorida.
Não nos alongamos muito pela noite,
não tínhamos hora de acordar para o dia seguinte, mas não queria deitar-me
tarde.
Ainda de dormir ainda passamos
pelo terraço, estivemos a olhar o céu, ouvir o silêncio e arrebatamos mais dois
dedos de conversa.
Camara de Lobos foi a primeira
paragem, a enseada, o cais, o ilhéu, a igreja e a Niquita.
Ela gostou, ela continuava a
disparar.
No miradouro, a vista
deslumbrou-a, observamos ao longe a saída da cidade, as freguesias limítrofes,
a entrada da cidade não era visível, mas nem por isso sentimos a sua ausência.
Levei-a à Quinta da Rochinha, só
para ver a vista, viemos ter diretamente ao Jardim do Mar, na mesa caíram as
lapas, o bolo do caco os caramujos e um picadinho.
Sempre de seguida fomos ter ao
Paul do Mar, quase de mojito na mão, saímos e viemos até a Praia dos Anjos.
Ela ainda tentou tomar um banho,
não sei se por vergonha do desequilíbrio que sentia nos calhaus que rolavam e a
que não estava seguramente habituada, retrocedeu e molhou ligeiramente as
pernas.
Deliciou-se com a decoração, a
banheira de banho, as mesas em troncos de madeira, os gatos, e eu, que não
gosto de gatos dei por mim a fazer-lhes festas.
Bebi o meu gin, ela não quis,
achei prudente ia conduzir uma viatura que não lhe pertencia. Lamentei não
termos tido tempo de assistir ao por do sol, mas ainda observamos o mar cor de
prata a perder-se no horizonte.
Ele chegou pontual e já lá
estava, à nossa espera. Chegaste com meia hora de atraso, replicou e cheiras a
álcool….
Em casa fizemos a ultima refeição
do dia, tentei uma bola de carnes, não disse nada, mas não ficou muito famosa.
No último dia reservei uma praia,
o dia estava solarengo, fomos a banhos, a água estava límpida e tépida.
A Ângela fez-nos um bacalhau com
broa, bem apurado, como já sabe fazer muito bem.
Tinha combinado com a minha irmã
para vir busca-la e no final do dia fomos a deixar de volta a Lisboa.
Tentei proporcionar-lhe um fim de
semana inesquecível, fiquei com a ideia de que ela gostou pelo menos pelas
fotos que tive o prazer antecipado de olhar de esgueira.
Não me deixou dúvidas, penso ter
gostado mesmo.
Foi tudo muito rápido, falamos de
tudo e de nada.
Falamos das viagens, das cores,
dos cheiros dos sabores, de Paris, do trabalho dela, do novo namorado que ela
tem.
Falamos muito da família, da avó,
dos amigos e dos afectos.
Vivemos e falamos da vida, essa
vida que um dia há de levar-nos a encontrarmo-nos num outro lugar, diferente de
hoje, aqui e agora.
23.09.14
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