quinta-feira, 1 de junho de 2017

junho

Junho.
Junho é o sexto mês do ano que marca mesmo o meio do ano, o mês onde se comemora logo de início o dia da criança, mês de Portugal, dos Santos Populares, mês onde o Sol atinge o seu ponto mais a norte na sua trajetória pelo céu, por isso os dias são grandes e cheios de luz.
Em casa dos meus pais o hábito era comemorar o São João. Fazíamos uma ceia, atum salpresado, semilhas com casca, feijão e maçarocas. Enfeitava-se o quintal com balões ás cores, às vezes fazíamos uma fogueira e saltávamos e fazíamos sortes. Tinha uma vizinha que sabia fazer essas coisas, com um prato, água e uns papelinhos com o nome dos nossos apaixonados, que ponhamos de véspera, no outro dia o que aparecia aberto seria o próximo namorado. Não me lembro de nenhum dos meus nomes, se calhar nunca se abriu nenhum papel, é o mais certo.
Quando fui para Lisboa estudar era o Santo Antonio, de 12 para 13 de junho, ia para os bairros, ia quase sempre com o meu primo, houve um ano que não pude ir porque tinha um exame e ele bateu-me à porta de casa com uma sardinha no meio de uma carcaça e um manjerico.
Junho também era também o mês do final das aulas, avizinhavam-se as férias grandes, com dias intermináveis. Aqueles dias parvos, que não acabavam nunca, onde nada se passava. Não havia nada para fazer, era um dia em cima do outro, a ouvir o barulho das moscas, a passar os dias a devorar livros e a esperar que as minhas irmãs tivessem paciência para me levar à praia.
Eram três meses difíceis de passarem, às vezes ia para Santa Cruz (para casa das tias), outras para a Madalena do Mar, mas normalmente ficava por casa. Como não tinha irmãos da minha idade ou aproximados, o mais novo como era rapaz ia brincar para casa de uns amigos dele que viviam numa quinta abaixo da minha casa. Foi ali na companhia de mais dois rapazes, (para além do meu irmão) que aprendi a andar de bicicleta, a fazer fisgas e com isto ganhei muita descontração em lidar e conviver sem tabus com todos os rapazes.
Eu era tímida, mas não ficava rogada, nem corava em frente dos miúdos.
Hoje o mês de junho aproxima-me das férias, agora em vez de infindáveis, rápidas que se passam com uma ligeireza absurda, aproxima-me dos filhos que estão aí a chegar nas férias da faculdade, aproxima-me das idas à praia, dos jantares na varanda, da comida mais saudável e ligeira, dos convívios com os amigos, das roupas leves, claras e frescas.
Junho já aqui está e com ele vêm as noites cálidas e aquela brisa de fim de tarde que nos transporta para viagens e sonhos nem sempre atingíveis.

01/06/2017




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