Junho.
Junho é
o sexto mês do ano que marca mesmo o meio do ano, o mês onde se comemora logo
de início o dia da criança, mês de Portugal, dos Santos Populares, mês onde o
Sol atinge o seu ponto mais a norte na sua trajetória pelo céu, por isso os
dias são grandes e cheios de luz.
Em casa
dos meus pais o hábito era comemorar o São João. Fazíamos uma ceia, atum
salpresado, semilhas com casca, feijão e maçarocas. Enfeitava-se o quintal com
balões ás cores, às vezes fazíamos uma fogueira e saltávamos e fazíamos sortes.
Tinha uma vizinha que sabia fazer essas coisas, com um prato, água e uns
papelinhos com o nome dos nossos apaixonados, que ponhamos de véspera, no outro
dia o que aparecia aberto seria o próximo namorado. Não me lembro de nenhum dos
meus nomes, se calhar nunca se abriu nenhum papel, é o mais certo.
Quando
fui para Lisboa estudar era o Santo Antonio, de 12 para 13 de junho, ia para os
bairros, ia quase sempre com o meu primo, houve um ano que não pude ir porque
tinha um exame e ele bateu-me à porta de casa com uma sardinha no meio de uma
carcaça e um manjerico.
Junho
também era também o mês do final das aulas, avizinhavam-se as férias grandes,
com dias intermináveis. Aqueles dias parvos, que não acabavam nunca, onde nada
se passava. Não havia nada para fazer, era um dia em cima do outro, a ouvir o
barulho das moscas, a passar os dias a devorar livros e a esperar que as minhas
irmãs tivessem paciência para me levar à praia.
Eram
três meses difíceis de passarem, às vezes ia para Santa Cruz (para casa das
tias), outras para a Madalena do Mar, mas normalmente ficava por casa. Como não
tinha irmãos da minha idade ou aproximados, o mais novo como era rapaz ia
brincar para casa de uns amigos dele que viviam numa quinta abaixo da minha
casa. Foi ali na companhia de mais dois rapazes, (para além do meu irmão) que
aprendi a andar de bicicleta, a fazer fisgas e com isto ganhei muita
descontração em lidar e conviver sem tabus com todos os rapazes.
Eu era
tímida, mas não ficava rogada, nem corava em frente dos miúdos.
Hoje o
mês de junho aproxima-me das férias, agora em vez de infindáveis, rápidas que
se passam com uma ligeireza absurda, aproxima-me dos filhos que estão aí a
chegar nas férias da faculdade, aproxima-me das idas à praia, dos jantares na
varanda, da comida mais saudável e ligeira, dos convívios com os amigos, das
roupas leves, claras e frescas.
Junho
já aqui está e com ele vêm as noites cálidas e aquela brisa de fim de tarde que
nos transporta para viagens e sonhos nem sempre atingíveis.
01/06/2017
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