Em três
dias.
Foi uma
viagem de apenas três dias mas muito bem aproveitados. Duas turistas
percorrendo a cidade de Lisboa, revivendo locais outrora visitados, bebendo
experiências diferentes, centrando o olhar nas gentes, nos rostos abandonados
pela cidade polvilhada de espanhóis, parece-me de repente ter voltado à
dinastia dos Filipes, olé J.
Lisboa
está cada vez mais uma cidade cosmopolita, muita gente a andar a pé, percursos
de tuk tuk pelos bairros históricos, Castelo, Alfama e Mouraria.
Fizemos
o trajecto ascendente desde os Restauradores /Baixa Pombalina/ Castelo de São
Jorge. Pela primeira vez a minha experiência de “caminheira quinzenal” valeu-me chegar rapidamente lá acima.
Entramos na Igreja de Santo António e na Sé de Lisboa onde decorriam as
cerimónias da semana santa. Fomos espiolhando os antiquários e as lojas de
velharias, passamos pelo miradouro de Santa Luzia. A minha irmã comprou uma
pintura a um homem de rua, típica vista do castelo, eléctrico e lampião
discretamente colocado à esquerda.
No
castelo, descansamos, admiramos a vista sobre a cidade e tiramos fotografias. A
descida foi mais suave, mesmo pelas ruas estreitas e sinuosas viemos ter direitinhas
à Praça da Figueira. Subimos a Rua do Carmo, entramos no Chiado, Largo de
Camões, Trindade e Largo da Carmo. Almoçamos na rua, na Adega do Duque, ligeiro
e rápido. Descemos novamente ao Chiado, mas antes visitamos a Igreja de São
Roque (junto à Misericórdia de Lisboa), cumprimentamos Fernando Pessoa, demos
uma olhadela pela Brasileira e entramos na Basílica dos Mártires, vi pela
primeira vez uma imagem do Santo Expedito (com inúmeras placas de
agradecimentos e de graças concedidas).
Para
visualizar alguma novidade, passamos pela Fnac, encontramos mais um ou dois
artistas de rua e descemos até ao Rossio.
Só agora
me apercebi que iniciei o texto de trás para a frente, agora fica assim, este
foi o nosso último dia.
Chegamos
ainda era dia, quase, quase a anoitecer. O hotel prometia pouco, a minha irmã
franziu a cara, estava mesmo a ver que ela se vinha embora, valeu que tinha uma
localização estratégica e os quartos eram extremamente asseados.
De
manha acordamos cedo, tínhamos compromissos, fomos pontuais, fomos prontamente
atendidas e pelas 12 horas estávamos despachadas. Ela não quis almoçar no
Darwin depois da conversa apetecia-lhe um bom bife, por isso fomos à Portugália
no Espelho de Agua (Belém). Ela comeu tudo o que tinha direito, camarão, casquinha, polvo, ainda pediu um bife
com ovo a cavalo e terminou com um leite-creme. Esperava-nos uma fila bem
dimensionada e um sol escaldante à entrada do Mosteiro dos Jerónimos,
acabadinho de ser limpo. A vontade de caminhar foi esmorecendo, ainda viemos
até o Palácio de Belém, mas resolvemos regressar ao hotel e descansar um pouco.
À noite
fomos jantar com a Teresa à Tasca do Urso,
ela tinha ficado em Lisboa propositadamente para estar connosco, no dia
seguinte ia para o Alentejo.
Subimos
ao Bairro Alto no elevador da Glória, passamos pelo miradouro de São Pedro de
Alcântara e fomos para o Príncipe Real, aí, até chegar ao restaurante e mesmo
de mapa na mão, perdi-me uma serie de vezes pelas ruas do bairro, que são um
autêntico labirinto.
Recebidas
carinhosamente pelo dono do restaurante e amigo da Teresa, jantamos no jardim,
comemos bochecha de porco com batatinhas fritas e alheira com queijo de cabra e
geleia de tomate, um jarro de vinho e Rémy
Martin para rematar, a minha irmã só jantou uma sopa, mas comeu farófias
como sobremesa. O ambiente era acolhedor, tinha aquecimento, mantas para
aquecer as pernas e uma boa conversa, fomos ficando até sentir que o cansaço já
andava a tomar conta de nós.
No dia
seguinte já tínhamos combinado ir a Fátima, o Expresso levou-nos a uma viagem
confortável, almoçamos no restaurante habitual, visitamos calmamente o
santuário e até assistimos a uma missa. Desta vez resolvi deixar uma vela
grande por intenção de todos os que precisam, os meus, família, e algumas
pessoas mais próximas. Temos de ser práticos e o que conta é a intenção.
De
regresso a Lisboa à noite fomos ao Coliseu ouvir a Joan Baez, activista
politica, fez parte de vários movimentos a favor dos direitos humanos, cantora
folk norte americana, marcou os anos 60 e apareceu em palco igual a si própria,
de guitarra ao ombro, botas, calças de ganga, camisa branca e uma echarpe rosa.
O seu público fiel troteou Diamonds & Rust, Forever Young, Gracias à la
Vida. Foi um concerto muito light, vibrei apenas quando ela cantou o Grândola
Vila Morena e as pessoas juntaram os pés a imitar os soldados a marchar. A
plateia marcadamente na faixa etária 60/70 anos, um leve cheirinho a naftalina,
muitos cabelos grisalhos, uma geração de protesto, agora bem mais serena.
Na 5ª
feira regressamos ao Funchal para em família terminarmos a semana santa,
tradição religiosa portuguesa que celebra a paixão, morte e ressurreição de
Jesus Cristo.
07.04.15
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