terça-feira, 7 de abril de 2015

Em três dias.

Em três dias.
Foi uma viagem de apenas três dias mas muito bem aproveitados. Duas turistas percorrendo a cidade de Lisboa, revivendo locais outrora visitados, bebendo experiências diferentes, centrando o olhar nas gentes, nos rostos abandonados pela cidade polvilhada de espanhóis, parece-me de repente ter voltado à dinastia dos Filipes, olé J.
Lisboa está cada vez mais uma cidade cosmopolita, muita gente a andar a pé, percursos de tuk tuk pelos bairros históricos, Castelo, Alfama e Mouraria.
Fizemos o trajecto ascendente desde os Restauradores /Baixa Pombalina/ Castelo de São Jorge. Pela primeira vez a minha experiência de “caminheira quinzenal” valeu-me chegar rapidamente lá acima. Entramos na Igreja de Santo António e na Sé de Lisboa onde decorriam as cerimónias da semana santa. Fomos espiolhando os antiquários e as lojas de velharias, passamos pelo miradouro de Santa Luzia. A minha irmã comprou uma pintura a um homem de rua, típica vista do castelo, eléctrico e lampião discretamente colocado à esquerda.
No castelo, descansamos, admiramos a vista sobre a cidade e tiramos fotografias. A descida foi mais suave, mesmo pelas ruas estreitas e sinuosas viemos ter direitinhas à Praça da Figueira. Subimos a Rua do Carmo, entramos no Chiado, Largo de Camões, Trindade e Largo da Carmo. Almoçamos na rua, na Adega do Duque, ligeiro e rápido. Descemos novamente ao Chiado, mas antes visitamos a Igreja de São Roque (junto à Misericórdia de Lisboa), cumprimentamos Fernando Pessoa, demos uma olhadela pela Brasileira e entramos na Basílica dos Mártires, vi pela primeira vez uma imagem do Santo Expedito (com inúmeras placas de agradecimentos e de graças concedidas).
Para visualizar alguma novidade, passamos pela Fnac, encontramos mais um ou dois artistas de rua e descemos até ao Rossio.
Só agora me apercebi que iniciei o texto de trás para a frente, agora fica assim, este foi o nosso último dia.
Chegamos ainda era dia, quase, quase a anoitecer. O hotel prometia pouco, a minha irmã franziu a cara, estava mesmo a ver que ela se vinha embora, valeu que tinha uma localização estratégica e os quartos eram extremamente asseados.
De manha acordamos cedo, tínhamos compromissos, fomos pontuais, fomos prontamente atendidas e pelas 12 horas estávamos despachadas. Ela não quis almoçar no Darwin depois da conversa apetecia-lhe um bom bife, por isso fomos à Portugália no Espelho de Agua (Belém). Ela comeu tudo o que tinha direito, camarão, casquinha, polvo, ainda pediu um bife com ovo a cavalo e terminou com um leite-creme. Esperava-nos uma fila bem dimensionada e um sol escaldante à entrada do Mosteiro dos Jerónimos, acabadinho de ser limpo. A vontade de caminhar foi esmorecendo, ainda viemos até o Palácio de Belém, mas resolvemos regressar ao hotel e descansar um pouco.
À noite fomos jantar com a Teresa à Tasca do Urso, ela tinha ficado em Lisboa propositadamente para estar connosco, no dia seguinte ia para o Alentejo.
Subimos ao Bairro Alto no elevador da Glória, passamos pelo miradouro de São Pedro de Alcântara e fomos para o Príncipe Real, aí, até chegar ao restaurante e mesmo de mapa na mão, perdi-me uma serie de vezes pelas ruas do bairro, que são um autêntico labirinto.
Recebidas carinhosamente pelo dono do restaurante e amigo da Teresa, jantamos no jardim, comemos bochecha de porco com batatinhas fritas e alheira com queijo de cabra e geleia de tomate, um jarro de vinho e Rémy Martin para rematar, a minha irmã só jantou uma sopa, mas comeu farófias como sobremesa. O ambiente era acolhedor, tinha aquecimento, mantas para aquecer as pernas e uma boa conversa, fomos ficando até sentir que o cansaço já andava a tomar conta de nós.
No dia seguinte já tínhamos combinado ir a Fátima, o Expresso levou-nos a uma viagem confortável, almoçamos no restaurante habitual, visitamos calmamente o santuário e até assistimos a uma missa. Desta vez resolvi deixar uma vela grande por intenção de todos os que precisam, os meus, família, e algumas pessoas mais próximas. Temos de ser práticos e o que conta é a intenção.
De regresso a Lisboa à noite fomos ao Coliseu ouvir a Joan Baez, activista politica, fez parte de vários movimentos a favor dos direitos humanos, cantora folk norte americana, marcou os anos 60 e apareceu em palco igual a si própria, de guitarra ao ombro, botas, calças de ganga, camisa branca e uma echarpe rosa. O seu público fiel troteou Diamonds & Rust, Forever Young, Gracias à la Vida. Foi um concerto muito light, vibrei apenas quando ela cantou o Grândola Vila Morena e as pessoas juntaram os pés a imitar os soldados a marchar. A plateia marcadamente na faixa etária 60/70 anos, um leve cheirinho a naftalina, muitos cabelos grisalhos, uma geração de protesto, agora bem mais serena.
Na 5ª feira regressamos ao Funchal para em família terminarmos a semana santa, tradição religiosa portuguesa que celebra a paixão, morte e ressurreição de Jesus Cristo.
07.04.15


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