O 1º de Maio,
O meu pai nunca
foi pessoa de comemorar estas datas festivas, nem o 25 de Abril, nem o 1º de
Maio, mas quando éramos pequenos tenho recordações de fazermos piqueniques com
os compadres e amigos dos meus pais.
O motorista
levava a carrinha da Manteigaria Zarco, mas como a serra nesse dia estava cheia
de gente e a minha mãe não gostava de confusões íamos para uma quinta dos Rocha Machado ou para a Fabrica de Manteiga da Fajã da Ovelha.
O primeiro de
Maio vem das lutas sindicais iniciadas em Chicago por volta de 1886, cujo
objectivo era reivindicar a redução da jornada de trabalho para as 8 horas.
Em Portugal este
dia só veio a ser livremente comemorado depois de Abril de 1974, passando a ser
considerado como um feriado. O dia mundial do trabalhador é comemorado com
manifestações, comícios, festas de carácter reivindicativo. Na Madeira é um dia
onde a população costuma organizar piqueniques, excursões, fazem-se uns colares
especiais com umas flores amarelas, designados como “os colares de maio”.
Neste dia, e
apenas quando éramos crianças, na serra reuníamos com os nossos amigos,
jogávamos à bola, à pilhagem e às escondidas. Levávamos a comida já
pronta, um farnel bem composto, atum cozido ou de escabeche, batatas com casca,
feijão cozido com casca, frango assado, carne assada, rissóis, croquetes, bolo
de laranja, pão de casa, vinho e laranjada. O meu pai não se esquecia de levar
um rádio para ouvir o relato da bola.
Estendia-se uma
grande toalha no chão, sempre debaixo de uma árvore com uma boa sombra,
distribuía-se a comida e íamos comendo calmamente. A seguir ao almoço os homens
e as senhoras dormiam sempre uma sesta.
Enquanto as
minhas sobrinhas ainda (os) foram pequenas repetíamos estes passeios, já depois
de crescidas veio a perder-se a tradição e nunca mais voltamos a fazer os
piqueniques do 1º de Maio.
Agora a data é
comemorada com um dia de ausência nas nossas funções e tarefas laborais e se a
temperatura já permitir aproveitamos para fazer um dia de praia, ou
deleitar-nos com outros prazeres da vida.
A geração dos
meus filhos não chegou a assistir nem a participar nestas festas populares,
hoje eles vivem muito os arraiais/festas religiosas e as americanices do
Halloween.
30-04-15
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