Londres em Janeiro.
Era eu ainda solteira quando no início
do ano de 1992, resolvi fazer uma viagem com as primas a Londres. Era qualquer
coisa no género, a Casa da Madeira em Londres ou o Centro Desportivo e Cultural
Português havia fretado um avião para trazer à Madeira pela época das Festas do
Natal, Final do Ano e Santo Amaro em Santa Cruz, um grupo de madeirenses
radicados em Londres. Acontece que, o voo de regresso disponha de alguns
lugares a um preço simbólico. Aproveitamos a ocasião e resolvemos conhecer a
cidade por apenas 3 ou 4 dias. Eramos um grupo de 3 primas e mais 3 amigas, que
no total resumia-se a 6 mulheres.
Ficamos num hotel pequeno, de
cidade, sem luxos, não devia de ser muito longe do centro, pois tenho ideia de
utilizarmos o metro e fazer algum percurso a pé.
Logo na primeira noite foi
divertido, andamos todas no quarto à procura do lençol de cima. Supostamente e na
cultura portuguesa uma cama é feita com 2 lençóis, o de baixo e o de cima, os
ingleses, os nórdicos e outros povos usam apenas um édredon com capa e é
precisamente essa capa que é retirada e lavada. Mas nós, muito pouco viajadas
desconhecendo estes pormenores, andamos a abrir gavetas e roupeiros do quarto à
procura do outro lençol. Ainda tentamos telefonar para a recepção, mas foi tudo
em vão. Se as minhas primas, muito ciosas da sua higiene digeriram esta
ausência do 2º lençol, com a capa de almofada, já não se passou o mesmo,
forraram a mesma com uma tshirt. É óbvio que isto é defeito de família, preciosismo
a mais.
Fazia muito frio, mas nunca
choveu por isso metemos corda nos pés e percorremos a cidade, visitamos os
monumentos mais emblemáticos, a Tower Bridge, o Palácio de Buckingham e
assistimos ao render da guarda, o Museu da cera (Madame Tussauds), a Catedral
de São Paulo, cursamos as ruas mais importantes, fomos ao Piccadilly Circus, a
Trafalgar Square, a Convent Garden e reparamos como Londres era uma cidade
muito cosmopolita. Encontramos de tudo, chineses, árabes, muçulmanos, pretos,
indianos, com tatoos, piercings, fumando charros, deitados no chão, muitos
mendigos e pedintes. Algumas ruas apresentavam-se muito sujas, escuras e
sombrias, tal como eu reconhecia dos filmes que via na TV.
Faltou a visita aos museus,
galerias de arte ou assistir a um musical, mesmo assim ainda tivemos tempo para
ir aos saldos no Harrods, Marcks Spencer e no Selfridge. Recordo a apresentação
fabulosa da comida, sandes de salmão era uma iguaria que eu não via com
frequência, patês, presunto, bacon e outros enchidos. O cheiro a perfume das
lojas à entrada, os sabonetes elegantes, as variedades de chá, fervilhava de
coisas diferentes, pouco comuns, fervilhava de gente, a falar um inglês
perfeito, tão irrepreensível quanto ouvir um diálogo do Hugh Grant num qualquer
filme.
Um dia fomos jantar a um
restaurante português, de uns familiares das raparigas que nos acompanhavam,
outro dia comemos numa cadeia de fast food (McDonalds) e nos outros desenrascamos
sandes e fruta. Era mês de Janeiro e não andávamos muito abonadas para
frequentar bons restaurantes.
Acho que comprei alguns discos,
ainda em vinis, não resisti, e pelo menos numa loja gigante entrei.
Vi esquilos pela primeira vez,
assim muito perto de mim achei o Hyde Park magnifico e imaginei-me a assistir a
um concerto dos Rolling Stones, dos Queens ou do Paul Simon e Art Garfunkel, de
quem eu tanto gostava na altura.
Impressionante, como aqui tão
perto e tão acessível, nunca mais voltei a Londres. Gostaria de lá regressar, fazer
um outro tipo de viagem, ir ao campo, passar pela Escócia e talvez dar um salto
até a Irlanda, quem sabe talvez, um dia.
06.01.15
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